O cenário de guerra no México após prisão (e soltura) de filho de El Chapo

A prisão do filho de um dos mais famosos traficantes de drogas no México provocou uma onda de violência no norte do país nesta quinta-feira (17/10).

Os confrontos, que duraram várias horas, tiveram início depois que forças de segurança detiveram o filho de Joaquín "El Chapo" Guzmán, que está preso nos Estados Unidos.

Ovidio Guzmán López foi flagrado durante uma patrulha de rotina na cidade de Culiacán, no norte do México.

Imagens da TV mexicana mostraram homens fortemente armados atirando contra a polícia, com veículos, corpos e barricadas espalhados pelas ruas.

Guzmán foi libertado mais tarde - para evitar mais confrontos, informaram as autoridades.



O ministro da Segurança do México, Alfonso Durazo, disse que agentes da Guarda Nacional foi alvo de fortes ataques de dentro da casa onde Guzmán estava preso, forçando-os a recuar para sua própria segurança.

Guzmán foi preso, mas depois libertado "para evitar mais violência na área e preservar a vida de nosso pessoal e recuperar a calma na cidade", disse Durazo.

O presidente do México, Andrés Manuel López Obrador, disse que realizará uma reunião de seu gabinete de segurança para discutir o incidente.

Obrador foi eleito no ano passado prometendo combater os cartéis de drogas do México e delegou essa missão a uma nova força de segurança, a Guarda Nacional.

Sob a liderança de El Chapo, o cartel de Sinaloa era o maior fornecedor de drogas para os EUA, segundo autoridades.

Com El Chapo agora atrás das grades, o cartel é parcialmente controlado por Ovidio Guzmán, acusado de tráfico de drogas nos EUA.

O que aconteceu em Culiacán?
O governo de Culiacán informou que Ovidio Guzmán foi encontrado em uma casa por policiais durante uma patrulha de rotina.

Ele disse que integrantes do cartel lançaram o ataque em uma tentativa de evitar sua prisão.

Acredita-se que Ovidio Guzmán, com 28 anos, tenha desempenhado um papel fundamental no cartel de Sinaloa, após a prisão de seu pai.

Ele é procurado nos EUA por várias acusações relacionadas a drogas, informou a imprensa mexicana.

A batalha para libertar Ovidio Guzmán da polícia começou perto do gabinete do promotor público, com os combates se espalhando por várias outras partes da cidade.

Não há relatos oficiais de mortes, mas surgiram fotos aparentemente mostrando cadáveres nas ruas.

Alguns policiais ficaram feridos, disse o governo do estado de Sinaloa à agência de notícias Reuters, sem detalhar quantos ou seu estado de saúde.

Enquanto os combates paralisavam a cidade, o governo do estado de Sinaloa disse que um número desconhecido de presos havia escapado da prisão de Aguaruto.

O governo do estado disse que "está trabalhando para restaurar a calma e a ordem diante dos incidentes de alto impacto que ocorreram nas últimas horas em vários pontos ao redor de Culiacán", informou a agência de notícias AFP.

As autoridades pediram aos moradores que "mantenham a calma, fiquem fora das ruas e estejam muito atentos às orientações oficiais sobre a situação em evolução".

Comentários

  • editado October 2019
    'El Chapo'
    "El Chapo" comandava o cartel de Sinaloa no norte do México.

    Com o passar do tempo, tornou-se um dos maiores traficantes de drogas para os EUA. Em 2009, Guzmán entrou na lista da Forbes dos homens mais ricos do mundo. Ele ocupava a posição 701, com uma fortuna estimada de US$ 1 bilhão (R$ 4,16 bilhões).

    Ele escapou de uma prisão mexicana através de um túnel em 2015, mas foi preso mais tarde. Acabou extraditado para os Estados Unidos em 2017.

    El Chapo foi acusado de ter ajudado a exportar centenas de toneladas de cocaína para os EUA e de conspirar para fabricar e distribuir heroína, metanfetamina e maconha.

    Ele também teria usado assassinos de aluguel para realizar "centenas" de assassinatos, assaltos, seqüestros e atos de tortura contra rivais.

    Ex-integrantes do alto escalão do cartel, incluindo um ex-tenente, testemunharam contra Guzmán.

    Guzmán, de 62 anos, foi considerado culpado em Nova York por 10 acusações, incluindo tráfico de drogas e lavagem de dinheiro.



    https://www.bbc.com/portuguese/internacional-50095938
  • Já tivemos coisas deste tipo no Brasil, apenas não resultaram em libertação de bandidos. Mas vai acontecer em breve.
  • Sempre me surpreende a impotência das autoridades para o combate efetivo às organizações criminosas. Dispondo das forças armadas, de uma agência de Inteligência, da opinião pública favorável à repressão, e ainda assim a cada dia essas organizações se mostram mais audaciosas e as autoridades, mais impotentes.
  • editado October 2019
    patolino disse: Sempre me surpreende a impotência das autoridades para o combate efetivo às organizações criminosas. Dispondo das forças armadas, de uma agência de Inteligência, da opinião pública favorável à repressão, e ainda assim a cada dia essas organizações se mostram mais audaciosas e as autoridades, mais impotentes.

    O crime organizado está entranhado na política.
    Dessa forma fica difícil aprovar medidas severas.
    E deixaram o monstrinho crescer demais e virar monstrão.

    "Sempre existiram políticos mortos por proximidade com o narcotráfico no país, mas não na escala observada em 2018", alerta Lavalle. "A maior parte dos assassinatos neste ano ocorreu com pré-candidatos em nível municipal — o que nos diz que o narcotráfico executa quem se opõe aos seus interesses já no momento em que se organizam as campanhas. Isso nos leva à projeção preocupante de que, em breve, boa parte dos municípios no México estarão controlados, de alguma forma, pelo narcotráfico e crime organizado."

    https://noticias.r7.com/internacional/violencia-politica-no-mexico-expoe-luta-do-narcotrafico-por-municipios-15062018

  • O policial de elite, identificado apenas como Eduardo, foi um dos responsáveis pela prisão de Ovidio Guzman no mês passado

    Diantes do caos, o presidente Andrés Manuel López Obrador concordou com a soltura de Guzman, que é acusado de traficar drogas para os Estados Unidos. "Decidiu-se proteger a vida das pessoas, e eu estive de acordo com isso. Não se trata de massacres; a captura de um delinquente não pode valer mais do que a vida das pessoas", disse o presidente em entrevista à imprensa mexicana.

    https://revistamarieclaire.globo.com/Noticias/noticia/2019/11/policial-que-prendeu-filho-do-traficante-el-chapo-e-assassinado-com-155-tiros.html
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